ENTREVISTA ANTONIO BERNARDO

A primeira entrevista de 2015 está, digamos assim, um luxo!
Tivemos a oportunidade de entrevistar o conceituado designer de jóias Antonio Bernardo, que tem como marca característica de suas criações a elegância das curvas e inflexões, desejo de quase todas as mulheres.


- Antônio Bernardo, conte-nos um pouquinho sobre sua carreira. O que te levou a trabalhar com joias?


Meu pai tinha uma loja de ferramentas para ourives e relojoeiros. Eu conhecia os instrumentos utilizados para se fazer uma joia ou consertar um relógio desde garoto. Isso me dava o conhecimento da função da ferramenta e também do efeito que causava onde era aplicada. Sem perceber, já estava aprendendo mecânica e ourivesaria. Interrompi o curso de Engenharia e fui para a Suiça conhecer a técnica dos melhores relojoeiros do mundo. De volta ao Brasil nos anos 70, fiz meu primeiro anel. O anel de prata era composto de duas partes idênticas que podiam ser usadas de forma independente, em oposição, em justaposição ou, um em cada dedo. O usuário podia escolher como queria usá-lo. O desejo de criar algo original, diferente e lúdico foi o que me motivou. Desde então nunca mais parei de criar joias.

- Pra você, qual a parte mais legal do seu trabalho?

A criação e todo o processo que envolve o desenvolvimento a partir da primeira idéia. De uma peça eu crio outra, e este de desenvolvimento é um exercício superação e aperfeiçoamento que me fascina. Costumo dizer que todas as minhas joias são derivadas da primeira que criei. Quando essa ficou pronta, imediatamente penso numa segunda e assim por diante. Arte e cultura estão sempre me provocando e inspirando também. 

- O que você considera mais importante numa joia? 

Procuro agregar um valor de sentido às minhas joias. Vou dar um exemplo. Fiz um anel que se chama Celebration. Dei este nome porque a forma deste anel me lembrou fogos de artifício. O anel tem quatro pedras (lapidação redonda de cristal de quartzo de tamanhos variados colocadas no anel em alturas diferentes em relação ao dedo, criando a ideia que são explosões de fogos). Daí o nome. Ora, fogos são utilizados para comemorar, celebrar alguma coisa. Uma pessoa que queira comprar uma joia para representar isto tem no anel Celebration uma peça super adequada. Então a pessoa sabe exatamente o significado dela, seu sentido.
Assim como o design da joia, a história que envolve a criação é importante e ajuda, inclusive no momento da venda.

Anel Celebration
- Quais são as últimas tendências de joias?

O que está em alta é o design. As pessoas criam produtos e não conseguem se diferenciar. O design pode fazer toda a diferença. Por isso, acredito que as pessoas buscam um design porque ele confere identidade e personalidade ao produto e também identifica quem escolheu. Essa escolha define uma personalidade. É isso que eu procuro oferecer a elas. 
Particularmente, não sigo tendências, não crio pensando em quem vai usar a joia. Quando crio uma peça, imediatamente imagino outra, então é mais por aí. Eu as concebo de forma experimental, crio protótipos, pequenos modelos e vou sentindo e modificando até ficar satisfeito. Eu sou o meu termômetro. 

- Com qual material você gosta mais de trabalhar?

Gosto de trabalhar com vários materiais, mas o ouro amarelo tem a minha preferência. Acho que cada material tem suas particularidades e procuro explorar as características de cada um. Tenho me surpreendido com alguns dos efeitos que conseguimos com a prata e procuro sempre lançar joias de prata em cada Coleção. Como a prata tem a propriedade de oxidar, exploro o efeito claro-escuro criando efeitos óticos muito interessantes. Mas sigo buscando novos acabamentos para dialogarem com estes metais e, nas últimas coleções, tenho usado esmaltação à frio que traz a cor.

- Percebemos que suas joias carregam uma leveza e um movimento, quais os recursos que você utiliza para se inspirar? 

Uma joia pode ter muitas abordagens, a de um designer, de um artista, de um artesão ou de um joalheiro. Daí tantas variações. Imagine a imensa possibilidade de combinações entre estas abordagens. Eu procuro explorar todas e em alguns momentos mais umas, e em outros, mais outras.
Sou designer, ourives, um autodidata, que trouxe na minha formação a observação de incontáveis horas das mínimas engrenagens dos relógios vendidas na loja do meu pai. Pensar, imaginar formas, mecanismos e técnicas são o que mais gosto de fazer.

- Para terminar, quais são suas peças favoritas?

Não tenho uma joia favorita, em geral procuro chegar ao resultado que me agrade. Portanto, gosto de todas as minhas joias.

Peças mais que desejo
Muito Obrigada A.B.! Adoramos conhecer ainda mais sobre seu lindo trabalho.

Bjs
J.E. e J.M.

Nenhum comentário: